A Organização Mundial de Saúde (OMS) faz campanhas no mundo inteiro para que as mulheres tenham seus bebês por parto normal, pois esse é o meio natural do nascimento, além de oferecer menos riscos à vida da mãe e do bebê. De igual forma, os médicos obstetras trabalham essa idéia em seus consultórios. No entanto, 68% das parturientes de Montenegro preferiram ir contra as recomendações, segundo levantamento dos nascimentos ocorridos no município entre 1º de janeiro e 31 de maio de 2007. O percentual equivale a quatro vezes e meia a recomendação da OMS, que é de não ultrapassar os 15%.
Segundo o Ministério da Saúde, a taxa nacional é de 39% para cesarianas. Porém, em todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, esse índice é superior a 40%, conforme dados de 2002 do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc). Infelizmente, os números conferem em Montenegro. No Hospital Montenegro, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ocorreram 202 partos no período analisado, 53,96% foram cesarianas. No Hospital Unimed Vale do Caí, que atende particulares e convênios, o registro foi de 197 nascimentos, 82,23% deles cesarianas.
Segundo informação da Secretaria de Saúde e Ação Social de Montenegro, o município possui 19.476 mulheres em idade fértil, ou seja, de 10 a 49 anos, conforme os dados mais recentes. O número equivale a 32,46% da população montenegrina, que é estimada em 60.000 habitantes. Além da ênfase no Programa de Planejamento Familiar, a Secretaria de Saúde realiza cursos para gestantes, quando as futuras mamães e também seus maridos aprendem a importância de um pré-natal. Durante os encontros, são orientados para uma gravidez tranqüila e um parto normal, mas também tomam conhecimento acerca da cesariana.
O secretário Marcos Farret, que é médico ginecologista obstetra, destaca que sempre haverá a tentativa de um parto natural, porém existem indicações para cesárea, como surgimento de Diabetes durante a gravidez, por exemplo. No entanto, Farret relata que o índice de cesáreas tem aumentado em todo o mundo, com altos índices também no Brasil. "Existe uma tendência cada vez maior de as pacientes grávidas optarem pela cesariana. Os argumentos são os mais diversos, incluindo principalmente o medo da dor do parto normal e por acreditarem que os riscos com a cesariana são menores para ela e a criança, o que é um engano", salienta.
Como causa, Farret destaca a evolução das pesquisas e tecnologias da medicina como fatores propícios para a cesárea. "Hoje, a segurança em anestésicos e cirurgias é semelhante aos riscos corridos em um parto normal", destaca.
A escolha certa
O médico ginecologista e obstetra Rogério Macedo explica que o parto normal é defendido como primeira opção porque o risco de infecção é menor e a recuperação da parturiente é mais rápida. "Na cesárea, há maior risco de infecção e hemorragia", salienta. A opção pela cesariana só deve ocorrer quando há complicações, como na não-progressão do trabalho de parto e na maioria dos casos de fetos em apresentação pélvica (sentados). O médico explica que, sempre que a paciente já tiver duas ou mais cesáreas, terá de ser cesárea novamente, pois existe a possibilidade de as cicatrizes anteriores se romperem com a força para um parto normal.
Macedo sempre aconselha suas pacientes a optarem por um parto normal. "Algumas pedem por cesariana por terem medo da dor". O especialista, no entanto, destaca que a melhor opção é a de um parto mais natural possível, ou seja, o normal. "Mas se houver qualquer alteração durante o trabalho de parto, como falha na progressão da dilatação ou sofrimento fetal, então deve-se optar pela cesárea", alerta.
A mulher que concebe seu filho por via vaginal tem sua recuperação mais rápida, voltando a exercer suas atividades normalmente em seguida. O médico destaca que não há como prever o tempo dessa recuperação, pois varia de mulher para mulher, mas, com certeza, será menos traumático e a recuperação ocorrerá mais rápida.
Sobre alguns mitos, esclarece que a opção por parto normal é sim a melhor opção para a mãe e o bebê, se houver condições para ser realizado. Também destaca que qualquer mulher pode ter parto normal, pois tudo depende do tamanho do feto e de sua passagem pela pelve materna. Quanto à dor, não acredita que seja a pior que existe. "Tanto é que, após algum período, a mulher esquece e engravida novamente", salienta.
"Sem dúvida, parto normal é muito melhor", diz mãe
Após ter cinco filhos, a auxiliar de limpeza Nadir Juliana da Silva, 36 anos, sabe bem a diferença entre uma cesárea e um parto normal. David da Silva, 19 anos, nasceu de parto natural, assim como Eduardo Gabriel de Souza, 16. Depois, vieram Bruna Gabriele de Souza, 14, Thomas William de Souza, 12, e Luan Miguel de Souza, 7, todos por cesariana.
Aos 16 anos, Nadir teve o primeiro parto, e o mais demorado de todos, tendo levado 12 horas para ocorrer o nascimento. "Demorou muito para ter a dilatação necessária", conta. Aos 20 anos, veio a segunda experiência. Ao contrário da outra, ela quase não teve tempo de chegar ao hospital. De madrugada, começou a sentir as dores e a bolsa estourou. Em duas horas, estava com o bebê nos braços. "Cheguei com o Eduardo já nascendo", relata. Em ambos os casos, a recuperação foi rápida. "Cuidei para não pegar pesos, mas fazia de tudo em uma semana", salienta.
Depois vieram três casos de bebês sentados. "Foi tudo diferente. As dores eram estranhas, eu sabia que tinha algo de errado", lembra. "Eu achava que dava para desvirar o bebê, pois eu tinha bastante dilatação, mas o médico preferiu fazer a cesárea". Quando Luan chegou, foi outro corre-corre. "Ele estava sentado, mas eu tinha muita dilatação e ele queria nascer assim mesmo, pelos pés. Foi uma correria para fazer a cesárea", lembra. Para esse parto, também estava programada a ligadura de trompas, que foi feita com sucesso.
Diante de todas essas experiências, Nadir é categórica: "Sem dúvida, parto normal é muito melhor. A recuperação é muito mais rápida, você faz de tudo, de cozinhar a lavar e estender roupas", conta. "Com a cesariana, você fica dependente de outra pessoa para tudo, até para colocar e tirar o bebê do berço", acrescenta. Nadir conta uma curiosidade: "No parto normal, você sente dor na hora e passa. Com a cesárea, a dor fica para a vida toda". Ela relata que, toda vez que faz frio ou há mudança brusca de temperatura, ela sente beliscões no local das cesáreas. "É como ter um fiozinho de náilon espetando a barriga por dentro", lamenta. Outra vantagem foi a recuperação da forma física anterior à gravidez. "Nos dois partos normais, emagreci tudo e voltei ao corpo de adolescente. Nas cesáreas, fica sempre uma barriguinha."
Medo superado pela alegria de ser mãe
A nutricionista Denise Eberhardt, 27 anos, teve sua primeira gravidez muito tranqüila, sem enjôos ou azias. No entanto, a maioria dos comentários que ouvia acerca de partos a assustava, pois se referiam principalmente a uma dor terrível. Por isso, concentrava-se em como seria bom para o filho nascer de parto normal. "Eu procurava não pensar na dor, reforçando para mim mesma que seria um parto rápido", revela. "Também lembrava de uma senhora que teve dez filhos por parto normal. Se ela conseguiu, eu também podia", acrescenta.
Após fechar os nove meses, Denise começou a ficar preocupada, pois queria ter parto normal, mas temia que fosse necessária uma cesárea, pois não havia sinal para o nascimento. Felizmente, na consulta médica do dia 23 de abril, soube que o parto ocorreria naquele mesmo dia. "Por volta das 16 horas, eu estava no supermercado. Às 18h20min, dei entrada no Hospital Unimed. Meu filho nasceu às 19h18min. Foi tudo muito rápido", conta realizada. Seu marido, o industriário Acássio Leal, de 22 anos, foi estacionar o carro e quase perdeu o grande evento da noite. Mas chegou a tempo de se trocar e filmar a chegada do filho. Luca nasceu no dia 23 de abril de 2007, com 50 centímetros e 3,645 quilos, esbanjando saúde.
No dia seguinte, Denise foi para casa com seu filho nos braços. "Só sentia um desconforto por causa dos pontos que levei, mas não era dor, era desconforto mesmo. Em sete dias, não havia mais nada", salienta. "A minha colega de quarto havia tido seu bebê na manhã do mesmo dia. Eu fui embora no dia seguinte e ela ficou", relata Denise, destacando que a outra jovem mãe lamentava não ter tido seu bebê por parto normal.
Dose será repetida em breve
"São nove meses de expectativa. Não teria graça marcar dia e hora para meu filho nascer", destaca Denise, relatando que o médico sempre a deixou tranqüila. E diz que nunca esquecerá o dia do nascimento do primogênito. "É uma dor inexplicável. Não há com o que comparar. É uma coisa diferente. O médico manda a gente fazer força sempre que sentir a dor. Chegou uma hora em que tudo se misturou, já não sabia mais, só fazia força. De repente a dor parou e meu filho havia nascido, e acabou". Assim que Luca nasceu, foi colocado sobre o peito da mãe. "É algo incrível", salienta. "Se fosse parto cesariana, eu não teria esse contato tão logo, algo que é tão importante para o bebê", enfatiza. E não houve traumas, tanto que Denise quer ter outro filho, se possível uma menina, daqui uns cinco anos. "E quero que seja normal novamente."
Escolha o tipo do parto de seu filho
Normal / Vaginal
*Ocorre naturalmente, sem a necessidade de auxílio ao bebê ou à mãe, sendo que a expulsão da criança ocorre apenas com a pressão que as paredes do útero exercem sobre o mesmo. No caso de o bebê ser muito grande ou a mãe não tiver forças para expulsá-lo, o médico poderá fazer um pequeno corte em um dos lados da vagina. Esse procedimento é comum e considerado normal.
*Há casos em que pode ser necessário o uso de fórceps, um instrumento cirúrgico que tem a forma de uma colher e é colocado dos lados da cabeça do bebê ajudando-o a sair. É procedimento normal, usado quando a mãe não tem mais forças para terminar o parto.
*Pode ocorrer com a mãe posicionada de cócoras. Dessa forma, a força da gravidade ajuda no trabalho, ocorrendo um nascimento mais rápido.Para tanto, é preciso que bebê esteja na posição correta (cabeça para baixo).
*Outra opção é ter o bebê na água (aquecida a 36°C), quando a mulher fica dentro de uma banheira ou piscina durante o trabalho de parto e o bebê chega ao mundo no meio aquático, como estava no útero. Nesse caso, o pai pode ficar junto da esposa dentro da água, fornecendo todo apoio que ela precisar. No entanto, é necessário haver um local seguro, onde possa ser realizada uma cesárea de urgência, se for o caso. É preciso ter condições de controlar as contrações e auscultar os batimentos do feto.
Cesárea
*Nesse tipo de parto, há auxílio médico, que faz um corte no abdômen materno, para retirada do bebê. Essa modalidade só deve ser opção quando não for possível o parto normal.
*Devido ao corte, a recuperação da mãe é mais demorada.
*Pode ter dia e horário marcados com antecedência.
Principais diferenças
Parto normal
*É o recomendado pelo Ministério da Saúde, embora o órgão indique a cesariana em casos especiais.
*Proporciona rápida recuperação à mulher e redução dos riscos de infecção hospitalar, além de incidência menor de desconforto respiratório do bebê.
*A mãe pode abraçar seu filho tão logo ocorra o nascimento. Após uma cirurgia, o ato seria doloroso.
*Como benefício ao bebê, destaca-se que o trabalho de parto (as contrações) indica ao bebê que está na hora de nascer, preparando-o para a saída do útero materno.
*Com a passagem pelo canal do parto, o tórax do bebê sofre uma descompressão compensatória, afastando os riscos de aspiração do líquido amniótico e asfixia. A profunda oxigenação que o bebê recebe ao nascer pelo parto vaginal leva ao funcionamento pleno dos aparelhos cardiovasculares e respiratórios.
*Mesmo após já ter passado por uma cesariana, a mãe deve tentar ter o próximo filho por parto normal.
Parto cesariana
*É necessário fazer cirurgia para a retirada do bebê, o que gera risco de ocorrência de infecção e hemorragias, além da possibilidade de laceração acidental de algum órgão, como bexiga, uretra e artérias, ou até mesmo do bebê, durante o corte do útero.
*Requer anestesia, sendo imprevisível saber se ocorrerá alguma reação negativa do organismo da mãe.
*É indicada quando há: risco de morte para o bebê e/ou a mãe; desproporção céfalo-pélvica (quando a cabeça do bebê é maior do que a passagem da mãe); hemorragias no final da gestação; ocorrência de doenças hipertensivas na mãe específicas da gravidez; bebê transverso (atravessado); e sofrimento fetal.
*Casos de ocorrência de Diabete gestacional, ruptura prematura da bolsa d’água e bebê com trabalho de parto prolongado são consideradas indicações relativas para a cesariana.
*Opta-se por cesariana também quando a gestante é portadora do vírus HIV, pois se descobriu que a hora do parto é o momento de maior troca sanguínea entre a mãe e o bebê. Dessa forma, a cirurgia programada reduz os riscos de transmissão do vírus.
(Fonte: Ministério da Saúde do Brasil)
Por Dina Cleise de Freitas
Publicado no Jornal Ibiá em 23/06/2007 - Cadernos - Vida Sadia
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Segundo o Ministério da Saúde, a taxa nacional é de 39% para cesarianas. Porém, em todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, esse índice é superior a 40%, conforme dados de 2002 do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc). Infelizmente, os números conferem em Montenegro. No Hospital Montenegro, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ocorreram 202 partos no período analisado, 53,96% foram cesarianas. No Hospital Unimed Vale do Caí, que atende particulares e convênios, o registro foi de 197 nascimentos, 82,23% deles cesarianas.
Segundo informação da Secretaria de Saúde e Ação Social de Montenegro, o município possui 19.476 mulheres em idade fértil, ou seja, de 10 a 49 anos, conforme os dados mais recentes. O número equivale a 32,46% da população montenegrina, que é estimada em 60.000 habitantes. Além da ênfase no Programa de Planejamento Familiar, a Secretaria de Saúde realiza cursos para gestantes, quando as futuras mamães e também seus maridos aprendem a importância de um pré-natal. Durante os encontros, são orientados para uma gravidez tranqüila e um parto normal, mas também tomam conhecimento acerca da cesariana.
O secretário Marcos Farret, que é médico ginecologista obstetra, destaca que sempre haverá a tentativa de um parto natural, porém existem indicações para cesárea, como surgimento de Diabetes durante a gravidez, por exemplo. No entanto, Farret relata que o índice de cesáreas tem aumentado em todo o mundo, com altos índices também no Brasil. "Existe uma tendência cada vez maior de as pacientes grávidas optarem pela cesariana. Os argumentos são os mais diversos, incluindo principalmente o medo da dor do parto normal e por acreditarem que os riscos com a cesariana são menores para ela e a criança, o que é um engano", salienta.
Como causa, Farret destaca a evolução das pesquisas e tecnologias da medicina como fatores propícios para a cesárea. "Hoje, a segurança em anestésicos e cirurgias é semelhante aos riscos corridos em um parto normal", destaca.
A escolha certa
O médico ginecologista e obstetra Rogério Macedo explica que o parto normal é defendido como primeira opção porque o risco de infecção é menor e a recuperação da parturiente é mais rápida. "Na cesárea, há maior risco de infecção e hemorragia", salienta. A opção pela cesariana só deve ocorrer quando há complicações, como na não-progressão do trabalho de parto e na maioria dos casos de fetos em apresentação pélvica (sentados). O médico explica que, sempre que a paciente já tiver duas ou mais cesáreas, terá de ser cesárea novamente, pois existe a possibilidade de as cicatrizes anteriores se romperem com a força para um parto normal.
Macedo sempre aconselha suas pacientes a optarem por um parto normal. "Algumas pedem por cesariana por terem medo da dor". O especialista, no entanto, destaca que a melhor opção é a de um parto mais natural possível, ou seja, o normal. "Mas se houver qualquer alteração durante o trabalho de parto, como falha na progressão da dilatação ou sofrimento fetal, então deve-se optar pela cesárea", alerta.
A mulher que concebe seu filho por via vaginal tem sua recuperação mais rápida, voltando a exercer suas atividades normalmente em seguida. O médico destaca que não há como prever o tempo dessa recuperação, pois varia de mulher para mulher, mas, com certeza, será menos traumático e a recuperação ocorrerá mais rápida.
Sobre alguns mitos, esclarece que a opção por parto normal é sim a melhor opção para a mãe e o bebê, se houver condições para ser realizado. Também destaca que qualquer mulher pode ter parto normal, pois tudo depende do tamanho do feto e de sua passagem pela pelve materna. Quanto à dor, não acredita que seja a pior que existe. "Tanto é que, após algum período, a mulher esquece e engravida novamente", salienta.
"Sem dúvida, parto normal é muito melhor", diz mãe
Após ter cinco filhos, a auxiliar de limpeza Nadir Juliana da Silva, 36 anos, sabe bem a diferença entre uma cesárea e um parto normal. David da Silva, 19 anos, nasceu de parto natural, assim como Eduardo Gabriel de Souza, 16. Depois, vieram Bruna Gabriele de Souza, 14, Thomas William de Souza, 12, e Luan Miguel de Souza, 7, todos por cesariana.
Aos 16 anos, Nadir teve o primeiro parto, e o mais demorado de todos, tendo levado 12 horas para ocorrer o nascimento. "Demorou muito para ter a dilatação necessária", conta. Aos 20 anos, veio a segunda experiência. Ao contrário da outra, ela quase não teve tempo de chegar ao hospital. De madrugada, começou a sentir as dores e a bolsa estourou. Em duas horas, estava com o bebê nos braços. "Cheguei com o Eduardo já nascendo", relata. Em ambos os casos, a recuperação foi rápida. "Cuidei para não pegar pesos, mas fazia de tudo em uma semana", salienta.
Depois vieram três casos de bebês sentados. "Foi tudo diferente. As dores eram estranhas, eu sabia que tinha algo de errado", lembra. "Eu achava que dava para desvirar o bebê, pois eu tinha bastante dilatação, mas o médico preferiu fazer a cesárea". Quando Luan chegou, foi outro corre-corre. "Ele estava sentado, mas eu tinha muita dilatação e ele queria nascer assim mesmo, pelos pés. Foi uma correria para fazer a cesárea", lembra. Para esse parto, também estava programada a ligadura de trompas, que foi feita com sucesso.
Diante de todas essas experiências, Nadir é categórica: "Sem dúvida, parto normal é muito melhor. A recuperação é muito mais rápida, você faz de tudo, de cozinhar a lavar e estender roupas", conta. "Com a cesariana, você fica dependente de outra pessoa para tudo, até para colocar e tirar o bebê do berço", acrescenta. Nadir conta uma curiosidade: "No parto normal, você sente dor na hora e passa. Com a cesárea, a dor fica para a vida toda". Ela relata que, toda vez que faz frio ou há mudança brusca de temperatura, ela sente beliscões no local das cesáreas. "É como ter um fiozinho de náilon espetando a barriga por dentro", lamenta. Outra vantagem foi a recuperação da forma física anterior à gravidez. "Nos dois partos normais, emagreci tudo e voltei ao corpo de adolescente. Nas cesáreas, fica sempre uma barriguinha."
Medo superado pela alegria de ser mãe
A nutricionista Denise Eberhardt, 27 anos, teve sua primeira gravidez muito tranqüila, sem enjôos ou azias. No entanto, a maioria dos comentários que ouvia acerca de partos a assustava, pois se referiam principalmente a uma dor terrível. Por isso, concentrava-se em como seria bom para o filho nascer de parto normal. "Eu procurava não pensar na dor, reforçando para mim mesma que seria um parto rápido", revela. "Também lembrava de uma senhora que teve dez filhos por parto normal. Se ela conseguiu, eu também podia", acrescenta.
Após fechar os nove meses, Denise começou a ficar preocupada, pois queria ter parto normal, mas temia que fosse necessária uma cesárea, pois não havia sinal para o nascimento. Felizmente, na consulta médica do dia 23 de abril, soube que o parto ocorreria naquele mesmo dia. "Por volta das 16 horas, eu estava no supermercado. Às 18h20min, dei entrada no Hospital Unimed. Meu filho nasceu às 19h18min. Foi tudo muito rápido", conta realizada. Seu marido, o industriário Acássio Leal, de 22 anos, foi estacionar o carro e quase perdeu o grande evento da noite. Mas chegou a tempo de se trocar e filmar a chegada do filho. Luca nasceu no dia 23 de abril de 2007, com 50 centímetros e 3,645 quilos, esbanjando saúde.
No dia seguinte, Denise foi para casa com seu filho nos braços. "Só sentia um desconforto por causa dos pontos que levei, mas não era dor, era desconforto mesmo. Em sete dias, não havia mais nada", salienta. "A minha colega de quarto havia tido seu bebê na manhã do mesmo dia. Eu fui embora no dia seguinte e ela ficou", relata Denise, destacando que a outra jovem mãe lamentava não ter tido seu bebê por parto normal.
Dose será repetida em breve
"São nove meses de expectativa. Não teria graça marcar dia e hora para meu filho nascer", destaca Denise, relatando que o médico sempre a deixou tranqüila. E diz que nunca esquecerá o dia do nascimento do primogênito. "É uma dor inexplicável. Não há com o que comparar. É uma coisa diferente. O médico manda a gente fazer força sempre que sentir a dor. Chegou uma hora em que tudo se misturou, já não sabia mais, só fazia força. De repente a dor parou e meu filho havia nascido, e acabou". Assim que Luca nasceu, foi colocado sobre o peito da mãe. "É algo incrível", salienta. "Se fosse parto cesariana, eu não teria esse contato tão logo, algo que é tão importante para o bebê", enfatiza. E não houve traumas, tanto que Denise quer ter outro filho, se possível uma menina, daqui uns cinco anos. "E quero que seja normal novamente."
Escolha o tipo do parto de seu filho
Normal / Vaginal
*Ocorre naturalmente, sem a necessidade de auxílio ao bebê ou à mãe, sendo que a expulsão da criança ocorre apenas com a pressão que as paredes do útero exercem sobre o mesmo. No caso de o bebê ser muito grande ou a mãe não tiver forças para expulsá-lo, o médico poderá fazer um pequeno corte em um dos lados da vagina. Esse procedimento é comum e considerado normal.
*Há casos em que pode ser necessário o uso de fórceps, um instrumento cirúrgico que tem a forma de uma colher e é colocado dos lados da cabeça do bebê ajudando-o a sair. É procedimento normal, usado quando a mãe não tem mais forças para terminar o parto.
*Pode ocorrer com a mãe posicionada de cócoras. Dessa forma, a força da gravidade ajuda no trabalho, ocorrendo um nascimento mais rápido.Para tanto, é preciso que bebê esteja na posição correta (cabeça para baixo).
*Outra opção é ter o bebê na água (aquecida a 36°C), quando a mulher fica dentro de uma banheira ou piscina durante o trabalho de parto e o bebê chega ao mundo no meio aquático, como estava no útero. Nesse caso, o pai pode ficar junto da esposa dentro da água, fornecendo todo apoio que ela precisar. No entanto, é necessário haver um local seguro, onde possa ser realizada uma cesárea de urgência, se for o caso. É preciso ter condições de controlar as contrações e auscultar os batimentos do feto.
Cesárea
*Nesse tipo de parto, há auxílio médico, que faz um corte no abdômen materno, para retirada do bebê. Essa modalidade só deve ser opção quando não for possível o parto normal.
*Devido ao corte, a recuperação da mãe é mais demorada.
*Pode ter dia e horário marcados com antecedência.
Principais diferenças
Parto normal
*É o recomendado pelo Ministério da Saúde, embora o órgão indique a cesariana em casos especiais.
*Proporciona rápida recuperação à mulher e redução dos riscos de infecção hospitalar, além de incidência menor de desconforto respiratório do bebê.
*A mãe pode abraçar seu filho tão logo ocorra o nascimento. Após uma cirurgia, o ato seria doloroso.
*Como benefício ao bebê, destaca-se que o trabalho de parto (as contrações) indica ao bebê que está na hora de nascer, preparando-o para a saída do útero materno.
*Com a passagem pelo canal do parto, o tórax do bebê sofre uma descompressão compensatória, afastando os riscos de aspiração do líquido amniótico e asfixia. A profunda oxigenação que o bebê recebe ao nascer pelo parto vaginal leva ao funcionamento pleno dos aparelhos cardiovasculares e respiratórios.
*Mesmo após já ter passado por uma cesariana, a mãe deve tentar ter o próximo filho por parto normal.
Parto cesariana
*É necessário fazer cirurgia para a retirada do bebê, o que gera risco de ocorrência de infecção e hemorragias, além da possibilidade de laceração acidental de algum órgão, como bexiga, uretra e artérias, ou até mesmo do bebê, durante o corte do útero.
*Requer anestesia, sendo imprevisível saber se ocorrerá alguma reação negativa do organismo da mãe.
*É indicada quando há: risco de morte para o bebê e/ou a mãe; desproporção céfalo-pélvica (quando a cabeça do bebê é maior do que a passagem da mãe); hemorragias no final da gestação; ocorrência de doenças hipertensivas na mãe específicas da gravidez; bebê transverso (atravessado); e sofrimento fetal.
*Casos de ocorrência de Diabete gestacional, ruptura prematura da bolsa d’água e bebê com trabalho de parto prolongado são consideradas indicações relativas para a cesariana.
*Opta-se por cesariana também quando a gestante é portadora do vírus HIV, pois se descobriu que a hora do parto é o momento de maior troca sanguínea entre a mãe e o bebê. Dessa forma, a cirurgia programada reduz os riscos de transmissão do vírus.
(Fonte: Ministério da Saúde do Brasil)
Por Dina Cleise de Freitas
Publicado no Jornal Ibiá em 23/06/2007 - Cadernos - Vida Sadia