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Granuloma vai crescendo e formando círculos |
Para quem já tem predisposição para determinados problemas (como as manifestações da pele), esse pode ser o gatilho desencadeante. Para piorar a situação, o surgimento das doenças da pele também pode baixar a auto-estima do indivíduo, pelo aspecto que apresenta. E mesmo que não seja contagioso, o problema pode comprometer a vida social.
O médico dermatologista Fernando de Stefani, com atuação no RS, explica que existem muitos problemas que podem ser desencadeados por crises de estresse, em especial as emocionais. E isso está cada vez mais comum, em dias mais corridos, com muitas pessoas concorrendo aos mesmos empregos e cargos de gerência com altas responsabilidades afetam o emocional das pessoas, o que se reflete no corpo como um todo.
Mas o que fazer para evitar ou amenizar as crises?
O dermatologista diz que é difícil responder essa pergunta, pois envolve diversos fatores. O que se pode e deve fazer é buscar melhor qualidade de vida, talvez através de alimentação mais saudável, exercícios físicos regulares e atividades de lazer. Mas, também, é importante que cada pessoa tente identificar a origem do seu estresse e busque uma solução, em vez de só tratar as conseqüências.A seguir, confira alguns problemas de pele que podem ser desencadeados por crises de estresse.
Exemplos de doenças de pele
Urticária
Manifesta-se através de prurido (coceira) intenso, podendo ter como causa o estresse. Isso quando descartados outros problemas de pele com origem conhecida e identificáveis através de exames médicos. Como exemplo do efeito estresse, pode-se citar a Urticária Colinérgica, que é uma lesão avermelhada com coceira que dura de 5 a 30 minutos após o banho ou contato com água.
Tratamento: Tem cura, mas essas pessoas sempre terão propensão a novas crises.
Não pega.
Herpes
A manifestação do Herpes, em geral, está ligada a crises de estresse físico ou emocional. Caracteriza-se por bolhas de água ao redor da boca.Tratamento: Medicação tópica e sistêmica.
É contagioso.
Alopécia Areata
A Alopecia Areata, conhecida popularmente como "pelada", caracteriza-se pela perda de cabelo ou barba em área circular. É uma doença de causa desconhecida que atinge igualmente homens e mulheres. Está ligada à predisposição genética que seria estimulada por fatores desencadeantes, como o estresse emocional e fenômenos auto-imunes.Tratamento: As medicações utilizadas podem ser de uso local ou sistêmico e a duração do tratamento vai depender da resposta de cada paciente.
Disidrose
Afecção das glândulas sudoríparas, manifestada através de bolhas de água tensas, acompanhada de coceira. Acomete os dedos, atingindo também as palmas das mãos e as solas dos pés. Tem como causa fatores alérgicos sob forte influência emocional.Tratamento: Não existe cura, mas pode ser controlada, com diminuição da duração e da intensidade. Usa-se remédios tópicos, compressas e cremes.
Não é contagioso.
Granuloma anular
É caracterizado por lesões muitas vezes confundidas com a Impinge (que tem origem em fungo, sendo contagioso). O Granuloma é uma reação inflamatória do colágeno, não tendo uma causa específica. Normalmente é desencadeado por forte crise de estresse, mais de fundo emocional. É um problema crônico e recidivante (desaparece e volta diversas vezes).Tratamento: Em casos leves, cremes tópicos. Se severos, pode-se aplicar crioterapia, radioterapia, entre outros.
Não é contagioso.
Caspa/Psoríase
A Dermatite Seborréica (Caspa) e a Psoríase de couro cabeludo também estão diretamente ligados a estresse emocional. O dermatologista Fernando de Stefani explica que a Dermatite tem origem pela hiperprodução de oleosidade no couro cabeludo, enquanto a Psoríase se dá pela aceleração do crescimento das células.Tratamento: Não tem cura, mas pode ser controlado. Deve-se usar xampus específicos e outras substâncias que removam as crostas e as escamas.
Não contagioso.
Psoríase
É o crescimento acelerado das células que são eliminadas mais rapidamente em certos locais da pele, especialmente cotovelos e joelhos. É geneticamente determinada e seu desencadeamento está ligado a fatores psicológicos, como o estresse emocional. Não há cura.Tratamento: Pode-se fazer o controle através de medicação tópica e sistemática. Novas terapias estão sendo estudadas através das pesquisas com células-tronco.
Não é contagioso.
Espinha/Acne
A ocorrência da Acne após a adolescência tem como principal causa o estresse. Isso quando, nas meninas, já tiverem sido descartados problemas de disfunção hormonal, uso de DIU, parada de pílula anticoncepcional e tumores de ovários.Tratamento: Tem cura, sendo o mais eficiente feito através de isotretinoína, uma medicação oral muito forte, que só deve ser administrada sob orientação médica.
Não pega.
Vitiligo
É uma doença auto-imune, ou seja, anticorpos da pessoa atacam as células do próprio corpo. Sua causa é desconhecida, mas a ocorrência está ligada a fortes crises emocionais, como traumas pós-falecimentos na família, separação, entre outros. É uma doença muito comum e para a qual ainda não foi encontrada a cura. Caracteriza-se pela descoloração da pele em certas áreas, sem provocar danos à saúde.Tratamento: O controle pode ser feito com bons resultados através de homeopatia. Ainda, o dermatologista Fernando explica que existem pesquisas com células-tronco em andamento.
Não pega.
Observação
Para tratamento adequado, em primeiro lugar, é preciso buscar orientação de um profissional habilitado. Ainda, é aconselhável controlar o estresse, o que não é fácil. Por isso, além do tratamento das doenças, receber apoio psicológico para lidar melhor com as adversidades da vida pode trazer resultados positivos aos pacientes.Estresse: dois assaltos agravaram doença
O motorista aposentado José Fernandes Lopes, de 63 anos, sofre com a Psoríase há mais de 30 anos. Mas a doença se agravou mesmo quando foi assaltado, tendo a caminhonete levada pelos bandidos, que apontaram uma arma para a sua cabeça. Após recuperar-se e adquirir uma nova caminhonete, seis meses depois, passou novamente pelo mesmo trauma. Embora não tenha sofrido agressão física, o estresse emocional foi tão forte que a Psoríase se manifestou com muita intensidade. "Depois disso, ela não desapareceu mais", conta. Agora, José dedica-se ao artesanato em madeira em casa.José relata que já consultou vários médicos, e todos dizem que não há tratamento definitivo. "Eles sempre me dizem que é uma doença não-contagiosa e que não mata, mas que também não tem cura", lastima. Para amenizar as crises, José aplica pomadas e cremes, principalmente para hidratação das áreas afetadas. A incidência é maior nas pernas e braços, por isso ficam muito visíveis. "Eu fico quieto, aborrecido, mas fazer o que, né? Não tem cura."
Além das marcas físicas, pela descamação provocada na pele, ficaram marcas na auto-estima. José diz que não se sente discriminado, mas deixa transparecer sua tristeza ao relatar que as pessoas ficam observando. "Algumas ficam só olhando. Outras perguntam o que é. Eu tento explicar direitinho, que não pega, que é um problema de pele. Mas é difícil", relata. Uma vez, José foi para um hotel onde havia piscina. E teve uma crise forte. "Eu não entrei na água. Mas as pessoas ficavam olhando para mim. E não adianta querer explicar que não pega", revela.
É preciso saber lidar com o emocional
A assessora de comunicação Cristiane Maria Scherer descobriu-se com Vitiligo em 2000. Estava com 22 anos, quando apareceram as primeiras manchas nas mãos e nas axilas. Ela conta que fez vários exames, pois outras doenças poderiam estar associadas, mas nada mais foi descoberto. Cristiane lembra que ficou alarmada quando soube do problema e foi em busca de informação. "Procurei por especialistas, li muito sobre o assunto, conversei com mais pessoas que têm a doença", revela.No começo, ela sofreu bastante. "Entender a doença me fez perceber que eu não poderia me afetar piscologicamente, pois tenho que conviver com as manchas. Não tenho vergonha, não me discrimino. Existem doenças ainda mais desagradáveis", enfatiza. Durante os primeiros quatro anos, Cristiane tentou vários tipos de tratamento, mas nenhum trouxe resultados. "Acredito que a cura será possível através das células-tronco e espero que as pesquisas sejam permitidas no Brasil para ajudar pessoas com doenças congênitas e várias outras."
Infelizmente, o caso de Cristiane não está controlado, ou seja, continuam aparecendo novas manchas. Para proteger-se, aplica protetor solar fator 50 para evitar os prejuízos do sol na pele sem cor, pois, sem os melanócitos (células que dão cor à pele e também proteção), está completamente exposta aos efeitos nocivos da radiação solar.
Mas, embora não haja prejuízos à saúde, o emocional é atingido. Cristiane revela que a doença mexe com sua auto-estima. "Mas já consegui me acostumar com as manchas". Porém, não é mais como antes. "Sempre gostei do sol e de estar bronzeada e agora tenho que evitar ao máximo. Até as férias na praia ficam prejudicadas, pois tenho que diminuir o tempo de exposição, pois estou com manchas por todo o corpo (rosto, tronco, braços, pernas, pés)".
Questionada se já sofreu preconceito, diz que não diretamente. "A maioria das pessoas que percebem as manchas pergunta o que é, se sofri alguma queimadura, coisas desse tipo. Tento sempre explicar, deixá-las tranqüilas para que saibam que não é contagiosa", conta.
Origem: matéria produzida por Dina Cleise de Freitas e publicado no Jornal Ibiá em 24/05/2008 - Cadernos - Vida Sadia.
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