Combater o medo de dirigir é ação constante e de automotivação

É preciso ter muita persistência para vencer o medo de dirigir. Mas se eu estou conseguindo, qualquer um consegue. Existem várias possibilidades para a origem do medo de dirigir: ter sofrido algum acidente de carro; ter presenciado algum acidente grave; ter perdido alguém querido em um acidente; ter sofrido assédio psicológico (tipo: você não é capaz, você nunca vai ser ninguém, nunca vai conseguir dirigir, nunca vai se virar sozinho, você é um fracassado, etc.); baixa autoestima; depressão; etc.

Não importa qual é o seu caso. O certo é que precisa muito mais do que apoio para vencer esse medo. No meu caso, é uma coisa incrível. Eu queria dirigir. Eu sentia falta. Depois de muita choradeira (isso dá outro post) na autoescola, eu estava habilitada.

Imagem mostra Dina dirigindo seu carro
Numa grande viagem pelo Rio Grande do Sul. Primeira vez que dirigi mesmo. Foto Eder Kurz

Mas o fato é que, eu queria muito, mas era sentar no banco do motorista que eu tremia da cabeça aos pés. Dava uma dor o peito, como se alguém tivesse me apertando. Dava uma vontade súbita de chorar. Nossa, terrível. Só quem tem pânico de direção pra entender!

Porém, era sair do carro que a coisa passava. Quase que como um botão de ligar e desligar. E o mais complicado é que as pessoas não entendem, não acreditam. E pior ainda, ficam dizendo bobagens, debochando, como se fosse uma frescura. Afff, isso dá outro post!

Então, após 6 anos com a CNH na mão, eu ainda não conseguia dirigir. Mas isso está mudando, aos poucos, mas está!

É poluente, mas dá liberdade

Por isso sempre caminhei bastante. Não me apertava não ao ficar a pé. E ando muito de ônibus. Dirigir faz falta, mas andar de ônibus é bom. Eu vou para o trabalho assim. Eu realmente gosto! E há vários motivos para isso:

* optar por coletivos é financeiramente mais barato;
* é mais rápido, pois geralmente vai por corredores específicos;
* é uma opção ecologicamente melhor;
* você pode apreciar a vista;
* é menos estressante, pois não precisa ficar procurando vaga para estacionar – nem pagar por uma vaga; 
Imagem mostra visão do mar pela janela do ônibus na Av. Beira-Mar Norte de Florianópolis
Vantagem: viajar de ônibus permite apreciar mais a vista. Foto Dina Cleise de Freitas
O problema é que tem muita coisa ruim. Conforme o local onde se vive, faltam horários, faltam linhas para os bairros, há lotação demasiada e estressante. Mas ainda gosto de andar de ônibus. Mas precisa melhorar e muito, basta os governos baratearem as passagens, aumentarem as linhas, melhorar o sistema de ar/refrigeração, que muito mais gente vai aderir e com isso teremos menos carros nas ruas... Lá no exterior as pessoas andam de ônibus/trem numa boa... Mas isso é meio que utopia, por aqui, eu sei.

Mesmo sendo mais poluente e custando caro, ter um caro e dirigir faz muita falta. Há momentos que o ônibus não resolve. Complica ir a um casamento num sábado à noite de ônibus, né?! E nem sempre se tem táxi ou alguém com carro à disposição para quebrar um galho. 

A solução: ter autoconfiança

Bem, depois de 6 anos habilitada para dirigir mas sem pegar no volante e ouvir muuuuitas piadas de pessoas sem-noção que acham que medo de dirigir é frescura, e realmente fazer falta para meu deslocamento para o trabalho e para minha qualidade de vida mesmo, resolvi dar um jeito. O meu jeito.

Sonhei muito. Sonhei mesmo! Sonhava que estava comprando carros, escolhendo modelos, sonhava que estava na estrada, dirigindo... nos sonhos era tão bom... mas o medo era e ainda é muito grande quando estou acordada!

Aí comecei a organizar minha mente, contei com a sorte para ter a grana, e comprei o meu primeiro carro: um popular, simples, mas muito resistente, sem muitos gastos com mecânica. Um basicão, que por sem muito simples até já saiu de linha. Sim, sem direção hidráulica, sem ar-condicionado, mas tinha rádio e vidro elétrico! E era lindo! E era meu! Ahá!

Por que precisei comprar? Porque sendo meu, eu não precisaria dar satisfação a ninguém. Ou seja, se bater, amassar, arranhar, destruir... o problema é meu! Isso foi importante, pois me deu segurança, “poder” sobre a situação, autoconfiança.

Imagem mostra Dina sorrindo junto ao seu primeiro carro, um Uno
A cara da felicidade! Autoconfiança é muito importante. Foto: Eder Kurz

Preparação psicológica

Mas não foi só se preparar financeiramente, era preciso preparo mental, psicológico. Fiz sessões com psicólogo e de regressão, além de muito autoafirmação de que era capaz. Isso tudo para fazer a CNH. Depois de 6 anos, e de muito chorar por medo e pela falta que o carro me fazia, então me impus a tarefa de finalmente dirigir (eu me obriguei, me ordenei!), antes de comprar o carro, fiz um curso de Programação Neurolinguística (PNL) para mudar meus mapas mentais e passar a me ver em novas situações de vida, o que incluía dirigir!

Com o carro já negociado e nos primeiros meses de uso, fiz várias sessões de hipnose. Isso porque eu continuava indo a pé para todos os lados - ou ficando em casa em dia de eventos!!!, mesmo tendo um carro na garagem - por causa do pânico. 

Mas com a hipnose e todas as técnicas já aprendidas passei a dirigir, em poucos trechos (todos mentalmente e meticulosamente feitos antes) numa cidade de 60 mil habitantes. Apesar de ser um trânsito menos intenso, por ser cidade pequena, é um pequeno caos, pois o povo acha que por ser interior não precisa respeitar nada no trânsito. Se na cidade grande já é assim.. imagina no interior!

Agora um grande feito

Imagem mostra um xícara de café ao lado de chave de um carro com chaveiro de gatinho
Um café para comemorar o feito!
Depois que mudei para uma capital, de trânsito intenso e ruas estreitas, afff.... mais três anos sem pegar no voltante. Mas isso está mudando em 2016 (era meta para 2015, mas não consegui cumprir). Já consigo fazer o trecho pra firma nos feriados e domingos de trabalho, já que são dias de menos trânsito. Assim vou ganhando confiança. Mas não é fácil. 

Nas primeiras cinco vezes (distribuídas ao longo de quatro meses!), deixei o carro na rua, por medo/pânico de entrar no estacionamento. Agora já deixo no subsolo. Mas no estacionamento de cima, não. Enfrentar aquela rampa íngreme é demais para mim ainda! 

Mas o bom é que nesta semana consegui um feito! No sábado à tarde, pela primeira vez, fui dirigindo SOZINHA ao shopping. É ou não uma vitória? 

Ah, entrei no estacionamento e tudo! Fui pensando em deixar na rua, mas não tinha vaga. Então entrei e fui para o segundo piso, pois no subsolo não tinha mais vaga: nossa, que feito!

Mas foi no shopping que fica quase do lado da firma... sabe como é... aquele trajeto já me é familiar... Nada de inventar roteiros... Ah, detalhe, hoje tenho 13 anos de CNH.

Então, SIM, foi um grande feito! E aos poucos vou fazer mais. E se eu estou conseguindo, qualquer um consegue! Mesmo que demore um pouco! Precisa é acreditar em si!